Acabou de passar na SIC, uma reportagem sobre o estado das energias renováveis em Portugal, bem como o investimento do país nesta área nos próximos tempos. Falou se dos extremos impactos ambientais, que as centrais solares e eólicas vão ter nos nossos ecossistemas, sem criarem quase emprego nenhum (falou-se se não me engano que a central da Amareleija criou uma dúzia de empregos). No entanto nunca se falou na alternativa óbvia e limpa do nuclear. Funciona nos outros países. Porque não neste cantinho da Europa?
Resposta curta: não compensa, a energia nuclear é muito mais cara que a renovável hoje em dia.
Quanto ao “mais limpa”, longe disso, cria vários problemas de gestão de resíduos etc. Onde ela já existe deve continuar a ser usada (a Alemanha errou feio ao suspender a sua e agora anda a reacender centrais a carvão), mas quem nunca teve não precisa meter-se nisso agora, simplesmente não compensa do ponto de vista financeiro e também não gera empregos por aí além.
Em relação à solar muitos dos problemas ambientais causados poderiam ser reduzidos apostando na sua descentralização, para isso precisamos de mudanças legislativas. Os painéis solares deviam estar nos telhados e parques de estacionamento, não na Amareleja para defesa de lucros acionistas, que é do que se trata.
Concordo com a lógica de ter os painéis solares descentralizados e aplicados diretamente em prédios e afins, isso é realmente o caminho mas mega-centrais são melhores para as luvas. Fora isso o fotovoltaico tem um problema sério, em média um painel precisa de produzir energia durante 10 anos (metade da sua vida útil) para compensar o impacto ambiental da sua produção - afinal não é assim tão limpo como vendem. E depois ainda temos o problema da reciclagem, não sei até que ponto se incluirmos a reciclagem do painel não se vão os outros 10 anos de energia limpa.
Este é o problema da maior parte das fontes de energia, estamos a tirar a poluição de um sítio ou modo para passar para outro. No caso dos painéis é menos CO2 a produzir a energia durante a sua vida útil mas muito mais poluição na sua produção e reciclagem:
https://sciencing.com/effects-chlorofluorocarbons-humans-7053.html
Isso são problemas válidos, mas temos agora 2 décadas pela frente para encontrar soluções tecnológicas para lidar com a atual explosão de painéis solares. A energia nuclear é mais antiga e continuamos sem soluções além de tapar com o tapete. A verdade é que nenhuma energia é 100% limpa, 100% limpo e verde só não consumir. E é por isso que a aposta deve continuar a ser também na redução do consumo, mas ninguém fala nisso, pelo contrário, a poluição luminoso aumentou brutalmente nas últimas décadas por causa dos LED, como consomem menos, produz-se mais luz. Ou seja, gasta-se o mesmo, poluindo mais, em vez de se ter usado os LED para consumir menos.
Eu não tenho nenhum tabu em relação ao nuclear, mas exemplos recentes do estrangeiro mostram como é incrivelmente cara e facilmente sofre também problemas com a seca e falta de água p.ex. É menos fiável do que os seus promotores gostam de dizer e é extremamente cara, além de também depender de fornecimento de países pouco recomendáveis, não acredito que neste momento em Portugal faça sentido.